AlfaBeticamente Compostos de Dilemas, Infinitos.

Dia 10 de junho de 2016
|
Sobre Textos

 

7d3d0d6d1940716ed6f58e72805f9e5e

Eu não sei fazer contas. Pensava que sabia pelo menos somar porém na traiçoeira matemática do amor 1+1 acabou não sendo 2 e isso não fez sentido na minha cabeça. Acho que não dá pra resumir uma pessoa num número tão pequeno quanto 1 quando na verdade cada ser é mais infinito que o próprio infinito.

Os números não parecem confiáveis por nenhuma forma que eu os olhe. Hoje é o dia 119 desde que te olhei pela última vez, 119 dias depois do dia que você olhou para mim e só viu desesperança. Falta de fé é a pior coisa que se pode sentir por alguém, porque significa não acreditar que a pessoa pode ser melhor, não acreditar que a pessoa pode mudar, surpreender.

Daqui 119 dias serão 238 dias, 5.712 horas e eu gostaria de conseguir dizer o quanto mudou nesse tempo, não sei se consigo falar sobre tudo. Tem coisas até que eu não quero compartilhar com você, mas vou falar do que aprendi: O amor não é uma aposta segura.

Daqui 2.856 horas vou conhecer outra pessoa na fila da farmácia e sem nenhuma chance de dar certo eu talvez aposte nele. Vamos ver estrelas num telescópio e rir falando sobre a Mandy Moore, vai ser engraçado porque eu nunca imaginei que estaria com alguém que sequer sabe quem é a Mandy Moore. A única atriz do mundo inteiro que você conhece é a Susana Vieira.

São 2.856 horas a mais do que essas que passaram devagar e salgadas de água desde quando te olhei pela última vez e te abracei com carinho. Mas a matemática do amor é traiçoeira e eu não tenho calculadora científica pra somar os prazeres, dividir as alegrias e diminuir as inseguranças, você sempre foi melhor na fórmula de Bhaskara, quem vai te ensinar agora sou eu: A matemática do amor é traiçoeira porque sempre tem um que tenta somar, somar, somar, enquanto o outro subtrai, subtrai, subtrai.

Se o amor fosse uma aposta segura as pessoas não perderiam casa e emprego apostando errado. Se o amor fosse matemática precisa ou ciência certa 1+1 seria sempre 2. Às vezes 1+1 é 3, às vezes é só 1, e às vezes a soma de dois infinitos se anula e vira zero. Tem gente que aposta como se tivesse cartas tão boas que fosse quebrar a banca, mas se eu tivesse dando as cartas com todas as minhas certezas eu não ia esperar por mais 119 dias extras de água salgada e subtração. Sub traição. Sub atração.

Se eu tivesse dando as Cartas eu não escolheria os números, nem subtração. Pegaria logo a Rainha de Copas porque é letra Q❤, deve ser Quero Amor, Que Amor, Querido Amor, Quanto Amor.

Eu fico nas palavras, você vai ver se eu não ganho o jogo com a Q❤.

Amor, é Bonito, boca boa, não breve.
Consegues calcular, cientista?

Depois Entendemos o Futuro,
Gostaria Hoje de Ir, Janeiro já vem e dou jeito.

Kamikaze de Loucura Me Negligenciou
Ontem Pensei Que a Rainha Sempre seria eu
Tomei Umas Verdades na Xícara da ilusão.

Walkie-talkie quebrado, desligaste sem intervenção.
Yesterday agora não é só uma música.

Zumbido vazio e zangado zarpando pro Amanhecer
Ainda sei que Bailarina e Bombeiro são Compostos de Dilemas

Não beijos, não breve.
Deu pra Entender a Falácia?

Eu fico nas palavras. Porque embora o amor não seja ciência exata, desvendada, publicada em artigos e longe de ser entendida, vale a pena. Como eu e você. Não dá pra comparar, querido. Os números marcam os dias, dizeres, dissabores e decepções. Mas infinito mesmo é sentimento, intraduzível, insaciável e incompreendido. A Rainha de Copas aposta todas suas fichas em si mesma, o jogo ainda é o mesmo, as apostas que estão em uma carta diferente. Acredito tanto nela que cegamente dobro as apostas, tateando pelas fichas que podem até me levar à falência, mas são melhores do que esperar pelas próximas 2.856 horas.

Você talvez não entenda o amor, porque ele não é matemática, mas escute o que te digo, até quem não sabe fazer contas pode ganhar. O amor é tão eterno e duradouro como as pessoas que o sentem. Essa é a beleza do jogo, amor, eu me descobri infinita. O amor não é uma aposta segura, ainda assim todos que ganharam tiveram apenas que continuar apostando.

Me dá mais uma ficha, que eu posso até não ter sorte no amor mas se o amor é um jogo e por não ter sorte no amor eu tenho sorte no jogo, é melhor continuar apostando. Ambos bem compostos de dilemas. Entende? Francamente, gosto (dos) horrores do Infinito.

  • Aline Evans
    dia 13 de junho de 2016

    Sempre fui péssima em matemática, lendo a matéria vejo que, para o que é realmente importante em nossas vidas, ela é totalmente dispensável.

    • Carol Santana
      dia 14 de junho de 2016

      @Aline Evans, ainda bem, mana! Já pensou que fracasso. Seríamos piores ainda no que já não somos tão boas, hahaha
      É errando que se aprende! Obrigada pelo carinho e por estar sempre por perto.

  • João Pedro
    dia 21 de junho de 2016

    Só quem já amou sabe da infinidade do amor! com seu texto, Carol, posso sentir diversas vertentes de um amor que floresceu, cresceu e amadureceu. Cada palavra toca num sentimento diferente e posso dizer que em muitos momentos me sinto parte do texto. Sei bem o que é “colocar minha fé em algo desconhecido”, apostar e acabar perdendo. Mas acredito que como eu, não consegue não se entregar a algo. Podemos e ainda vamos quebrar a cara, mas sei que eu só consigo ser assim. Uma hora a gente acerta e encontra aquele (a) que também vai apostar todas as fichas em nós! Uma hora encontramos nosso (a) Lebeslangerschicksalsschatz! :)

    • Carol Santana
      dia 27 de junho de 2016

      @João Pedro, que coisa massa te ver por aqui e ainda mais com um comentário que enche minha alma de escritora de calor. Muito obrigada pelo carinho, fico feliz em saber que o texto toca diversos sentimentos. Ainda aguardando Lebeslangerschicksalsschatz! <3