Que vem depois? Não sei mais nada.

Dia 22 de outubro de 2017
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Sobre Textos

Minhas amigas disseram que você e eu éramos uma boa ideia. Todas elas, sem exceção, disseram que eu não tinha nenhum motivo pra ter medo ou ir embora de uma coisa que nem nome tinha ainda. Mas eu tentei ir, porque eu sabia o nome que ia ter depois.

Sabe, eu me conheço.

Eu sei o que começa no meu coração quando o meu cérebro começa a perder o controle de borboletas no meu estômago. Eu sei o que cresce quando eu passo a esperar mensagens no meu celular. Eu sei o que vira quando um abraço se torna uma casa, e eu sei o quanto é preciso trabalhar dentro da cabeça da gente quando entendemos que todas essas sensações viraram a chave, deram partida e foram embora atravessando sinais vermelhos aos arrancos.

Não é, exatamente, medo da dor. Eu não tenho medo da dor. Eu teria tido antes, mas hoje eu sei que ela me tornou uma sobrevivente. Pessoas feridas são mais fortes, porque elas sabem que podem sobreviver.

Sabe, eu posso sobreviver. Eu sei disso.

A solitude não me amedronta e eu gostava de ser sozinha.

Eu acho que o que eu quero mesmo é te dizer que eu me importo. Que eu sei que nem sempre parece, porque eu aprendi muito bruscamente a tomar cuidado com as pessoas para quem eu vou dar esse cuidado e essa atenção. O negócio é que às vezes a gente aprende, bem até demais, a ser descuidada.

E eu sei que eu sou. Descuidada, quero dizer. Eu sei que eu sou descuidada. Mas eu também quero dizer que eu me importo.

E não é no medo de que você vá embora que estou dizendo isso. Não é no medo de que eu possa não ter outra oportunidade, mesmo que você vá eu sei que terei outras oportunidades. Eu estou escolhendo dizer porque você está aqui agora, e, bem, esse não deveria ser um motivo bom o suficiente? Sua presença me parece um motivo bom o suficiente.

Minhas amigas disseram que eu e você éramos uma boa ideia.

A estrada em frente vai seguindo, deixando a porta onde começa. Agora longe já está indo, devo seguir, nada me impeça.

Mas eu penso. Você me pediu tantas vezes pra te deixar ir embora, mais vezes até do que percebeu que estava pedindo, então, por que eu sinto que é essa folga no laço que te amarra em mim?

Uma estrela brilhou no nosso encontro. Embora eu finalmente estivesse cheia e reluzente após luas demais me escondendo na calada da noite, eu não soube como agir porque minguei até quase parar de existir. Sinto que com você não preciso ter medo de ser nova ou cheia porque você parece ver coisas em mim mesmo quando eu não brilho tanto quanto um céu estrelado.

Não vou me despedir porque dói. E você pode ficar se quiser, até porque eu gostava de ser sozinha.

Mas isso foi antes. Antes de você chegar.