A segunda vez que te amei

Dia 17 de agosto de 2016
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Sobre Textos
rossandrach

Aconteceu a coisa mais fantástica hoje. Ainda estou meio em choque porque foi muito inesperado, mas um inesperado bom, sabe? Fazia tempo que a vida não me dava “inesperado bom”, hoje deu. Acordei e tinha a foto de um casal que eu conheço, que havia se separado, juntos no instagram. Encheu meu dia de alegria saber que estavam juntos novamente. Eram do tipo que a gente olha e pensa “como são bons juntos”, mas há pouco mais de um ano – quase dois – se separaram e não só eles ficaram com o coração partido, eu também.

Foi uma fase meio louca esse um ano e meio atrás – quase dois -, mais de 50% dos casais de amigos que eu tinha se separaram. Aquele pessoal que começou a namorar na mesma época que eu, e que, como eu, já estava em um relacionamento há muitos anos, sabe? Já era, acabou, fim, the end. E agora tenho visto alguns deles encontrar seu caminho de volta um pro outro. Esse que amanheceu meu instagram foi o terceiro nos últimos meses.

É aquele negócio do se perder no outro. Quando estive em um relacionamento longo eu senti que em muitas coisas eu me anulava do que eu queria, do que eu sonhava, de quem eu era, pra fazer o relacionamento dar certo. E, entenda que eu não estou aqui para falar que isso é errado, mas existe um nível em que isso pode acontecer para ser considerado saudável. As pessoas ficam juntas para se somar, não para se diminuírem.

Um relacionamento longo é uma imensa teia de conforto. Você precisa estar atento para não deixar que isso te prenda e te impeça de viver a sua vida. Alguns marinheiros de primeira viagem não sabem disso, ferem e magoam uns aos outros tentando se libertar da teia em que eles mesmo se deitaram, se enrolaram e se prenderam. É de fato libertador sair dela, é como uma lufada de vento para os claustrofóbicos, passamos longos intervalos de tempo desejando por isso.

Mas o amor não é uma teia de conforto, e um relacionamento – longo ou curto – que se pareça com uma deve de fato chegar ao fim. O amor não é uma coisa que te impede de sair para dançar com as suas amigas, não é uma sensação de pânico que bloqueia sua garganta porque seu parceiro não gosta de fazer coisas com você, não é querer ir fazer escalada em dupla e nunca ir. O amor não te torna uma pessoa diferente, ele faz com que você sinta orgulho de ser quem você é: uma cantora de chuveiro, um fazedor de cosquinhas, uma chef de cozinha criativa, um treinador assíduo, uma ginasta em formação, um grande e enorme ursinho de pelúcia em tamanho real, uma amante de flores, um escalador, uma dançarina. Uma infinidade de coisas que nenhum dos dois pensou que poderia ser até descobrir que era.

E algumas pessoas não sabem quem são, por isso é comum encontrar parceiros que ditam para o outro quem ser. E o outro aceita, porque não existe persona formada ali dentro para lutar contra. A luta começa quando descobrimos quem somos, e o que queremos. Mesmo que estejamos apenas sendo inseguros, imaturos e egoístas para perceber que já temos alguém ao nosso lado disposto a passar por todo o processo de redescobrimento conosco. Queremos fazer sozinhos, ser independentes, viajar o mundo, ter experiências.

Alguns de nós realmente querem, outros estão apenas seguindo o fluxo porque ainda não descobriram quem são ou o que querem de verdade. É por isso que alguns casais terminam mas voltam. É necessário muito orgulho e amor próprio para ir embora, e muita humildade e certeza para voltar. O verdadeiro amor é aquele que ama o que não pode ser amado, perdoa o que não pode ser perdoado, tem fé no que já não há mais esperanças, esquece o que não pode ser esquecido e espera o que parece inalcançável. Acontece só que às vezes ele não vai ser visível de primeira.

Tem casal que precisa de mais de um chance para amar. Por isso que quando eu vi a foto do antigo (e agora novo) casal e descobri que estavam juntos novamente eu achei inesperado, mas um inesperado bom, sabe? Algumas pessoas não vão ficar com o amor de suas vidas porque nunca se amaram o bastante para ir embora dos amores errados, algumas pessoas não vão ficar com o amor de suas vidas porque nunca foram humildes o suficiente para voltarem para eles, algumas pessoas não vai ficar com o amor de suas vidas porque não sabem quem são e por isso não sabem quem o amor de suas vidas é.

Mas algumas pessoas vão ficar com o amor de suas vidas, e é acreditas que somos essas pessoas é o que nos faz amar o que não pode ser amado, perdoar o imperdoável, ter fé no que parece perdido e esperar o que parece inalcançável. Eu achava que quem amava de segunda vista estaria sempre sujeito a superar as dores causadas no passado, os erros cometidos, as mentiras ditas, os enganos que foram feitos e as incertezas vividas, e de fato isso é verdade. Começar um novo relacionamento com a mesma pessoa é estar sujeito ao medo de que ela vai errar onde já errou, e tentar diariamente superar isso. Mas muito mais que isso, amar pela segunda vez é entender que o amor da primeira vez nunca acabou, só era necessário se redescobrir, e assim mesmo, do jeito mais torto que pode haver, se aceitar e saber que a vida é melhor com essa velha-nova pessoa ao lado.

Amor não é teia que prende, é asa que liberta. É que às vezes de primeira a gente não sabe disso.

  • dia 17 de agosto de 2016

    PelamordeJeová, mulher.
    TE AMO. Obrigada. Não existe gratidão suficiente para eu te oferecer nesta vida.
    <3

    Love, Nina.

    • Carol Santana
      dia 4 de setembro de 2016

      @Nina, sempre morro de rir com seus comentários, hahaha
      Obrigada por ser essa amiga incrível, te amo muito! <3