Abril se a si mesmo

Dia 1 de abril de 2016
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Sobre Textos
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Acho que tá na hora de fazer o primeiro balanço trimestral de 2016. Sim, o ano novo não foi ontem, já fazem três meses desde que você disse que sua vida ia ser diferente.

Tá sendo?

Você não precisa dos rituais de encerramento para fechar um ciclo, pode criar os seus próprios rituais. Não precisa pular 7 ondas para conseguir realizar seus sonhos, e tampouco a cor da sua calcinha vai esclarecer qual fator vai influenciar a sua vida pelos próximos 12 meses.

Você pode tentar começar de novo agora. E de novo depois, ou mais tarde do que isso se falhar, ou quando realmente sentir que está pronta. Para encerrar um ciclo e ver novas oportunidades nascendo é necessário enterrar o quê já não combina mais.

As coisas novas só chegam quando abandonamos aquilo que não encaixa. Abandone apenas o quê realmente você não quer ter nunca mais. Às vezes quando estamos quase certos – mas não muito – de que queremos uma coisa nós abandonamos outra (e pelos motivos errados). A calça que fica pra trás dificilmente vai servir novamente daqui 2 anos.

Você provavelmente tem umas duas calças que usa sempre e outra que fica ali guardada no fundo do armário, você não sente que ela faz parte de você, só comprou porque estava em liquidação e além de ter gastado dinheiro com isso parece que não pode comprar outras novas porque vai sair acumulando coisas.

Doe essa calça pra alguém e encerre esse ciclo.

Na vida às vezes é necessário se livrar dessa calça para conseguir uma que sirva melhor. Essa calça pode ser qualquer coisa. Pode ser, inclusive, você. Tem gente que precisa de uma calça nova e vai te jogar fora por causa disso. Tem dias que quem precisa de uma calça nova é você. Tem dias que é necessário se despir de tudo que somos e andarmos nus para tirar todo excesso de cima de nós. 

Seja como for, se livre. Seja mais leve. Deixe no mês de março todas as vezes que você mentiu para agradar alguém. Deixe no mês de março todas as desconfianças que você teve mesmo quando não queria ter, todas as pessoas que tentou confiar mas não podia porque estava ferido demais. Que fique para trás, fechado junto com o ciclo velho, todas as vezes que você achou que não podia fazer – o que quer que seja que você quis fazer.

Que esteja para sempre enterrado no ontem a calça que te disse que você não era boa o bastante, mesmo que seja você quem te disse “você não é bom o bastante.”

É sim.

Ser bom o bastante não quer dizer que as coisas vão funcionar e fluir na mais perfeita paz só porque você está conduzindo-as. Ser bom o bastante quer dizer ter convicção do que te importa e não abandonar isso. Ao longo da nossa vida seremos forçados a fazer escolhas e deixar calças velhas para trás, e isso nos muda, mas ser bom o bastante é saber qual pessoa, caminho, relacionamento, trabalho, cidade, sonho você quer levar para o próximo ciclo e permanecer firme com isso independente do quão difícil é.

Você não vai descobrir de primeira – às vezes para ser bom o bastante primeiro somos ruins o bastante, e não é porque somos genuinamente ruins, mas porque não aprendemos ainda qual é a calça certa – chegou a hora de deixar no ciclo de ontem a culpa.

Acredite em mim, você é boa o bastante.

Agora que você já sabe que é pode finalmente se libertar do medo e simplesmente ser. Abre se diante de você uma infinidade de verdades, de calças que antes não serviam mas agora ficam confortáveis no corpo do seu novo eu – porque não é mais o mesmo. Use-as. 

Um ciclo se fecha e o outro se abre. Três meses são apenas 90 dias. 90 diazinhos pequenos e corridos onde nada parece mudar, 2160 horas que você viveu sem necessariamente se dar conta de que mesmo estando estático um mundo inteiro se move, se abre, se muda e se encerra ao seu redor e isso muda você sim.

Abrace o braço que te acolhe e abra os seus para o ciclo que se abre. Ele vem chegando sorrateiramente, e, de repente, quando você menos esperar, abril-se. Acredite em mim, eu não estou mentindo: abriu-se.

  • dia 3 de abril de 2016

    Engraçado como você s-e-m-p-r-e está em sintonia comigo, mulher! Meu deus, fico até chocada. Já faz uns dias, provavelmente uns 20, que eu tô me livrando de algumas coisas, mesmo que metaforicamente. Em pensamento. Na verdade, é bom quando começa no pensamento, porque isso sempre me dá mais forças.
    Tô buscando forças em muita coisa, inclusive em gente nova, em ideias novas, em metas novas. É sempre bom renovar quem somos e quem devemos ser. Às vezes, acreditamos que somos de um jeito quando, na verdade, só somos daquele jeito porque é o único modo de sobreviver na sociedade. Então, estou com muita raiva de muita coisa (e acho que, na medida certa, a raiva sempre ajuda a gente) e quero mudar tudo, tudo mesmo. Porque, às vezes, só mudando – ou se livrando de coisas/pessoas/sentimentos – é que começamos a conquistar autonomia e a gostar de quem somos.
    (Engraçado que, ontem, eu escrevi um poema sobre ir embora e renovação justamente por causa de Abril, como é o propósito desse seu texto hahaha. E, não, eu não o tinha lido até agora! Magia? Coincidência? Acaso? – eu prefiro acreditar em Destino).

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

    • Carol Santana
      dia 11 de abril de 2016

      @Nina, Não tem como explicar essa conexão. Só sei que é muito mágica e maravilhosa e espero que você fique bem sem o peso das “calças” velhas!
      Tô sempre aqui, <3